terça-feira, fevereiro 01, 2022

Por Moïse Kabangabe

Quanto vale o seu dia?
É exatamente isso que eu ‘tô’ perguntando
Quanto vale seu dia?
É... custa quanto?
 
E seu dissesse que seu expediente vale uma vida?
Eu ouviria: como assim? Que exagero...
Pois, eu vivo no Brasil brasileiro
Onde um congolês fez cobrança devida
A grana de 2 dias de lida
Trampando no Rio de Janeiro
 
A cobrança não foi bem recebida
Ali mesmo fizeram o acerto
Espancaram até a morte um corpo preto
Em covardia mais descabida
Eram 5 na mesma batida
Sem prestações
Racismo aqui não é segredo
Ripa de madeira e bastões
15 minutos de agressões
Mataram sem medo
 
Naturalizou-se a tal ponto
Um imigrante morrer espancado
Ainda por cima, amarrado
Por alguns poucos contos
Que o país, mesmo noticiado
Não está em luto pelo rapaz do Congo
Nem se encontra inflamado
Pronto para o confronto
 
E olha que ironia
Quiosque Tropicália
Nem o movimento referencia
Nem o sentimento de um País Tropical
Abençoado por Deus
Ao contrário, parece que fomos abandonados
Cada um que se vire com os seus
 
Barra da Tijuca, 24 de janeiro
24 também a idade
De Moïse Kabangabe
Rio, do mês que ele morreu
Pra ele não será o Rio de fevereiro e março
Pra essa família, o Rio não continua lindo
Ele continua indo
Como se nada tivesse acontecido
Só que aconteceu, eu não disfarço
Meu verso grita escrito
Mas não faz estardalhaço

Nenhum comentário:

Postar um comentário