sexta-feira, agosto 24, 2018

Sigam-me!

Seguidores, e mais seguidores
Do quê mesmo? De quem?
Procura-se, vende-se, compramos
Sim, pagamos por admiradores
Eles são a nossa credibilidade
Goste você ou não, é a realidade

O número de amigos já foi a medida
A métrica hoje está diferente
O chique é ser seguido por mais gente
E ter pouca gente ‘seguida’
Quanto menos do outro, melhor é
Quanto mais de si mesmo, é top
O que vale é o que recebe de ibope
Seguidor é indicador de fé

Botam fé nesse nesses trocentos K
É como se falam os milhares
De exemplares obedientes a acatar
As novas e críveis autoridades
Que em até 1 minuto alarde
Seu repentino dom de influenciar

Usam roupas, makes: referência
Sigam! É esse o style padrão
Sem encontrar qualquer razão
Busco, quem sabe, explicação
Ou um resquício de coerência

Pessoas que nunca vimos
Com roupas que não usaríamos
Fazendo até coisas que não gostamos
Ou até pior: nem concordamos
São o novo referencial do que parecer
Parece que nos perdemos no caminho
Pois, nesses nos espelhamos
Quando estamos no espelho sozinho

Não quero saudosismo do irreversível
Não voltaremos a ter amigos da rua
Não sentaremos de novo em calçadas
Mas, será que pode parecer cabível
Ter amigos ser o que pontua
E não planos de pessoas compradas

Não, não invejo K, nem M, quem queira dizer
Pode definir por recalque, palavra que evito
Só não consigo, ao fim, compreender
Geração carente em que a atenção faz viver
O mundo de seguidores não é onde habito
E, se só um pouquinho, paro e reflito,
Por mais que, no insta, está seu ser mais bonito
E de você, no fundo, no fundo, ninguém quer saber

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