quarta-feira, agosto 01, 2018

A Mulher Sub

Ferida, fera, fora (Temer), fora a faca fincada
Todos os dias, na rua, no trampo, no ‘buso’
Todos os dias, todas as horas, destratada
Todas as idas, todas as voltas, abuso
Todas partidas, todas chegadas, te uso
Toda sua vida, submetida por nada

Submissão, submersa, suburbana
Subemprego, sub-amada, subtraída
Não traída no sentido de traição profana
Falo desde a renda diminuída
À saia sexy desprotegida
Que ao estupro lhe atribui a fama

Mulheres, senhoras, minas, ou como quiserem
Esse machismo nojento é culpa nossa
Nunca nos preocupamos se esses atos te ferem
Olhamos se a bunda é boa, o peito é grande e a coxa é grossa
Se reclamar, a gente se apossa
Os tempos mudaram, alguns não percebem

O quanto esse machismo foi perpetuado
Mais novo, não percebia o quão escroto era
Se não era estimulado, também não era criticado
Hoje mais ligado, o que de mim se espera
Meu filho educado, esse erro se encerra
Machistas não passarão, já são passado

Assumir que pensava errado não reduz o erro
Só nos torna mais consciente pra mudança
Ao ser percebido, levante a bandeira primeiro
Ao retrocesso crescente, não deixe essa herança
Homem não quer ser o fo...? Seja a segurança
Pra confiança dela te enxergar como parceiro

Hoje ela teme a rua, o trampo, o busão
Voltamos então à estrofe inicial
Vamos proporcioná-las evolução
E não ser encoxada por seu asqueroso pau
Nem pela impunidade do juiz Eugênio do Amaral
Que entende ejaculação como importunação
Sem constrangimento moral

A substância gosmenta, nojenta, submete
Não mete, mas invade a privacidade,
A privê cidade, a perversidade
Onde o sexo em local público
Local público, não corpo público
Não causa espanto de novidade

E sob o sol a pino do dia
A ferida doía, não apenas a pele melecada sentia
No coletivo, ato tão repulsivo que lhe agredia
Na avenida ou sob a via
Em estação subterrânea
Habitual, corriqueira infâmia

Contra a sub-moça, submissa, sub-assalariada

Sempre cercada
Sem subterfúgio pra não ser caçada
Sem refúgio, sem ter fuga momentânea
Pra se sentir tranquilizada

Do submundo onde ela vive
Coisificada em línguas várias
Ela provocou, não me contive
Imputei-lhe punições sumárias
Invadi-lhe proibidas áreas
À sua vontade nem um pouco me ative

Ativei, ativo, ataquei, meu motivo
Agressivo, reativo ao sex appeal
Pistola criminosa é só no estilo fuzil
Pênis agrediu, é crime abusivo
Criminosos de pen, pens, pênis, permissivo
Representantes legais do Brasil

A mulher deve ser sub sim
Sublimada, sublinhada
Em cada traço, colorida em todo espaço
Espaçada em toda cor
Espaço pra que não haja atentado ao pudor
E ela seja de novo violentada
‘Respeita as mina’, camarada
E fique ciente: ISSO NÃO É UM FAVOR!

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