sexta-feira, abril 03, 2020

Quando o Corona Passar


E como será?
Quando tudo isso, esse Coronavírus passar
Quando acabar a quarentena
Esse lance de não se encostar
Não é muito da gente
O negócio da gente é abraçar
É exatamente esse sangue quente
Brasileiro, latino, caliente
Que faz o mundo nos visitar

É essa forma calorosa,
De receber, de agregar
Que faz o mundo nos ver
Querer conhecer
Mas, foca no papo aqui
Esquece quem tá pra vir
A turistaiada só volta lá pelo Carnaval
Enquanto isso, vai pra Salvador,
Maceió, Floripa, Natal

O papo é sobre nossa convivência
Eu tô vendo uma galera bem otimista
Que as pessoas estão percebendo, tomando consciência
Que ficar em casa abre a vista
Faz a gente se trancar
Pra ver o horizonte

Maluco isso, né?
Quando estávamos livres
Ficamos presos no engarrafamento
Em vez de olhar o pôr-do-sol
Acabamos dizendo: olha o trânsito que tá naquela ponte

Falando desse nosso instinto mais brasileiro
De abraço, de beijo
A gente é tão da intimidade
Que dependendo da região
Varia a quantidade

O paulista, apressado, dá um
O carioca, um de cada lado,
Se não me engano, lá no Sul
São 3 e alternado

E o aperto de mão
Esse não é exclusivo nosso
Tem uns que ‘inventa’ uns troço
Num toque combinado de irmão

Mas, diz aí, você acha, REAL,
Que os vizinhos vão entender
O negócio do convívio social
Que vai rolar uma cooperação
Que seja pra vaga do estacionamento
Eu acho que passada essa comoção
Voltaremos à antiga situação
A preocupação só com seu apartamento

Claro, temos aqueles nossos companheiros
Que já tá dando uma saudade da porra
Aqueles que defendem que ninguém morra
Aqueles que pedem que você corra
Pra casa
E lá permaneça
Assim pede o mundo inteiro
Pra que menos mortes aconteça

Chinês, italiano, francês, espanhol, sulamericano
Menos o miliciano
Que usou tempo em cadeia nacional
De rádio e televisão
Pra despejar conteúdo irracional
Pra tudo voltar ao normal,
Confundindo a nação

E o boçal levantou a questão
Se quem morre é acima dos sessenta
Por que escola fechada?
Pela forma que argumenta, taí a explicação
Cada hora da sua vida em aula foi mal aproveitada

Aliás, você esqueceu que na reforma da previdência
A classe dos professores também foi prejudicada
As tia da merenda, da limpeza, da secretaria
Tem sempre aquele tio figura na inspetoria

Essa galera sex, sexagenária
Está na luta com a criançada
Na outra luta, foi derrotada
A previdenciária

Bom, ele, empresários, banqueiros
Já mostraram que, na enchente
Como dizia Moreira
É preciso ser girafa
Pescoço grande por natureza
Ou pegar a madeira, do Maderero
Pra não se afogar
Que vai morrer uma galera, certeza
Abre aspas pro presidente: “paciência”
#OBrasilNãoPodeParar
Vamos contrariar ciência
Uma luxuosa carreata buzinava pro povo voltar
O médico daquela conhecida televisão
Foi distorcido, fakeado
Fakeado, não esfaqueado
Fake, faca, bom, deixa isso pra lá
Assunto passado

Eu sigo aqui guardado
A insegurança por si já me faz prisioneiro
E pra ser Justus
O Corona é terrível
Mas o vírus mais temível 
Em 2018 foi instalado
A ignorância tomou posse
2019: dia primeiro de janeiro

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