Hoje eu só quero chorar
E não estou passando vontade
Em meio à calamidade, por
toda cidade
Parece que vai acabar
Acabar de nos destruir
Parece que vai chegar
E contaminar, nos matar
Sem direito a despedir
Nas despedidas, pessoas se
abraçam
Lágrimas são derramadas
Pessoas consoladas, mãos
dadas
E os vírus passam
Vão se multiplicando
E o cerco cada vez mais
fechado
Meu caixão tampado, lacrado
Não é mais questão de “se”,
mas, quando?
Há poucos meses andava agoniado
Acordava pensando que
morreria
A cada sol que nascia, meu
último dia
A terapia tinha me
tranquilizado
Hoje, parece que nada ameniza
É a morte nas imediações
Não chega a 3 conexões, só 2
ligações
Um vizinho do seu prédio, o
marido da sua amiga
Quando era só no estrangeiro
A gente, inocentemente,
achava
Que gringo que pegava, que
aqui não chegava
Isso era nada pro brasileiro
Até que o Coronavírus se
instalou
Politizaram as medidas de
prevenção
Dos cientistas, a
recomendação: fique em casa é solução
O presidente contrariou
Nem vou gastar muita linha
Pra não perder a linha de
raciocínio
O cara tem fascínio pelo
extermínio
Pra ele, é gripezinha
Estou num medo de morrer
Que o ar que falta enquanto
choro
Eu peço a Deus, eu oro, eu
imploro
Que nada mais grave há de ser
E há quem ainda duvide
Que é um truque, um golpe
chinês
Que parou o mundo há um mês,
e põe no mínimo mais três
Esse tal de COVID
Meu medo de morrer até que é
um bom sinal
Em dezembro, eu queria por
fim
Mas, cuidei de mim e não
quero assim
Entubado por um vírus mortal
Medo de morrer no Brasil, já
é comum a nós
Violência, desemprego, fome,
e abandono
Tudo aqui sempre teve dono,
desde o trono
E o tronco é o troco que tranca muita voz.
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