quarta-feira, abril 15, 2020

Choro Isolado


Hoje eu só quero chorar
E não estou passando vontade
Em meio à calamidade, por toda cidade
Parece que vai acabar

Acabar de nos destruir
Parece que vai chegar
E contaminar, nos matar
Sem direito a despedir

Nas despedidas, pessoas se abraçam
Lágrimas são derramadas
Pessoas consoladas, mãos dadas
E os vírus passam

Vão se multiplicando
E o cerco cada vez mais fechado
Meu caixão tampado, lacrado
Não é mais questão de “se”, mas, quando?

Há poucos meses andava agoniado
Acordava pensando que morreria
A cada sol que nascia, meu último dia
A terapia tinha me tranquilizado

Hoje, parece que nada ameniza
É a morte nas imediações
Não chega a 3 conexões, só 2 ligações
Um vizinho do seu prédio, o marido da sua amiga

Quando era só no estrangeiro
A gente, inocentemente, achava
Que gringo que pegava, que aqui não chegava
Isso era nada pro brasileiro

Até que o Coronavírus se instalou
Politizaram as medidas de prevenção
Dos cientistas, a recomendação: fique em casa é solução
O presidente contrariou

Nem vou gastar muita linha
Pra não perder a linha de raciocínio
O cara tem fascínio pelo extermínio
Pra ele, é gripezinha

Estou num medo de morrer
Que o ar que falta enquanto choro
Eu peço a Deus, eu oro, eu imploro
Que nada mais grave há de ser

E há quem ainda duvide
Que é um truque, um golpe chinês
Que parou o mundo há um mês, e põe no mínimo mais três
Esse tal de COVID

Meu medo de morrer até que é um bom sinal
Em dezembro, eu queria por fim
Mas, cuidei de mim e não quero assim
Entubado por um vírus mortal

Medo de morrer no Brasil, já é comum a nós
Violência, desemprego, fome, e abandono
Tudo aqui sempre teve dono, desde o trono
E o tronco é o troco que tranca muita voz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário