Será que tudo volta ao
normal?
Qualquer dia, amigo, a gente
vai se encontrar
Será?
Quando eu falo de reencontrar
Falo da gente combinar de se
ver
Eu hoje desabei de chorar
Comecei a me perguntar
Quando é que isso vai ser?
Quando é que eu vou poder
voltar
Pro Morumbi pra torcer
Ver o Dani Alves jogar
Ver o São Paulo vencer
Será que meu banjo eu vou
afinar
Pr’aquele samba no entardecer
Ou essas emoções só vamos
lembrar
E não voltaremos a viver
No último jogo, eu estava lá
Levei meu filho pra ver
Era Libertadores e não
estamos libertos
3 a 0; contra a LDU, lá do
Equador
Os corpos lá estão com
destinos incertos
Abandonados em calçadas, nada
joga a favor
E o samba que eu nem lembro
Desse último sabor?
Da cerveja no copo americano
De puxar aquele antigo ao
lado de um amigo
Batucando num tambor
Eu ali, relembrando no meu
banjo
Um velho samba esquecido
Será que foi meu último,
Senhor?
Eu confesso que hoje peguei
meu cavaquinho
E as notas que toquei
trouxeram canções
Que só na mumunha balbuciei
Desafinei, cantei baixinho
Temi as recordações
Pois vi um futuro como a
canção do Peninha: Sozinho
Sem arranjos no plural
Violão, cavaquinho e
percussões
Os refrões sem multidões
Somente um vocal, sem coral
Um link com alcance universal
Os views batem e geram
milhões
Todo mundo assistindo
Conectados em TVs, celulares
Só temos ideia do que vem
vindo
Nem certezas, nem verdades
E pensei: quando abraçarei
Novamente meus familiares
Sei que muitos nem os via
tanto
O trabalho, a correria
Juro que não é porque eu não
queria
Mas, agora, fico me
perguntando
O que seria hoje voltar como
era
Penso que aquele mundo acabou
O valor de cada coisa mudou
Só a Terra que continua uma
esfera
Em seus giros nunca parou
E na nova era, já era tempo
Que o tempo que nos desespera
Desesperava, agora espera
E agora vemos acontecendo
A vida passando
E as roupas, não
Relógios de pulso ocupando
espaço
No móvel, e o braço livre da
pressão
As calças jeans e os paletós
Pendurados nos cabides
Poderoso Covid
Das gravatas desfizemos os
nós
Preocupados estão os avós
Porque nessa faixa etária
Não se permitem vacilos
Eles querem viver para ver
crescer
Os filhos dos filhos
Isolamento, fecha a área
Pra não deixar nos abater
A chegada desse vírus
Futuro é o maior inimigo do
Corona
Nossa luta é no presente, pra
que lá na frente
Eu tenho fé que a vida um dia
retoma
Pra saudade, remédio não
funciona
Saúde, saudade, só um ‘ad’ de
diferente
Não, uma subtrai, a outra soma.
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