quarta-feira, abril 07, 2021

Escalada

Escalada é a manchetada do jornal
Mas, no Brasil tem outros sentidos
No Brasil, se escala pra baixo
No Brasil, nos sobram motivos
Não é só uma fala que “eu acho”
 
No Brasil, a morte virou quantia banal
Seguimos inertes e passivos
Passamos os 4 mil naturalmente
Matar sempre foi o objetivo
E com ironia do presidente
 
É genocídio
Sem alívio,
Sem auxílio
Com dízimo
 
É Genocida
É contra vida
É descabida
A covardia
 
Estamos em escalada
Quando morriam centenas na Itália
Era comoção, dor verdadeira
Hoje, o símbolo mundial da mortalha
É o verde-amarelo bandeira
 
Está sem estrelas na esfera azulada
Elas se descosturaram
Estão no universo, cada uma por si
Algumas, como decadentes figuraram
Do céu se descolaram, enquanto ele ri
 
Ri da morte em escalada
Ri sem termos piada
Ri e passa a boiada
Ri, porque a nossa dor é a parte engraçada
 
Ri de pedirmos vacina
Ri sob efeito de cloroquina
Ri receita ivermectina
Ri de sua obra assassina
 
Enquanto a vacina segue atrasada
O Congresso aprova o fura-fila
Vacina pra empresas e patrões
Se era pequena a esperança de consegui-la
Ela reduz e se reduz em frações

Com a parte que importa vacinada
A notícia perderá força na crítica
Enquanto ainda navegamos no mesmo mar
Em iates, botes, a nado, a se afogar
Há intensa cobertura jornalística
E ela aos poucos se acaba
Quando a vez de quem tem voz chegar
 
A fila... fura
A vacina... fura
Havia cura
A faca... não
 
O que não houve foi procura
Lisura
E há genocídio
Uns vão dizer que foi surpreendente
De um presidente que sempre idolatrou tortura
 
Pra COVID, falta ar
Pro Brasil, falta ar
Pra esperança, falta ar
Em vacinas, aplicam ar
 
Faltam leitos pra deitar
Faltam carros pros corpos levar
Tiveram a ideia
De como amontoar
Em uma das imagens mais tristes
Mortos e mais mortos por COVID
Empilhados numa perua escolar

Nenhum comentário:

Postar um comentário