terça-feira, fevereiro 18, 2020

Ainda Quebra-Cabeça

Em tempos de plataformas digitais
Só ouve música merda quem quer
Nem vou me concentrar
Em dizer o que é ruim e o que não é
Sua consciência, eu creio, é bem capaz

E foi ouvindo Gabriel, o Pensador
Que então me dei conta
Do papel que desempenhou
Quebra cabeça. 23 anos e ainda não se monta
Olha que nem foi peça que faltou

Falava de aborto, violência, saúde, quero mais
Fez uma festa com som de tudo quanto é jeito
Mostrou a guerra que há contra o cachimbo da paz
O índio quer apito, não quer bala no peito
E hoje, eu confesso, meu verso tem das suas digitais

As linhas tortas no caderno que carrego
É porque escrevo num bloco não pautado
Mas há um bloco de assuntos que me apego
E não me entrego se o som não sai rimado
É 35. A lavagem? Não, o poder da viagem
E essa não tem fiado nem se põe no prego

Tem o nome de um grande amigo
Sua obra, Pensador, formou uma legião
Aprendi a ouvir o que não era dito
Nas palavras repetidas em refrão
Fui aprendendo a dizer o não escrito

Pensador, minha reverência sem a continência
À indecência militar que tá na moda
É a tendência da milícia à presidência
Bala perdida por aqui tem boina e rota

O povo ainda diz: hoje eu tô feliz
Acabou a previdência
Estupidez em evidência
E a ditadura está de volta

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