segunda-feira, janeiro 25, 2021

Brancos Aventais

Deu um branco na hora que comecei a escrever
Era exatamente sobre o branco que eu ia dizer
Não o branco, a pessoa
O branco da roupa, o branco-paz

Que todo mundo no ano novo
Procura roupa nova
Renova a esperança
Espera zerar a hora
Aguardando a bonança

Os tempos bons que hão de vir
Pra superar suas tempestades
Branco sugere pureza
A limpeza das maldades

Só que o branco do ano que acabou
Foi dos aventais
Contágios virais
Experiências medicinais
E a gente ainda não se curou
De um povo que relaxa ao vírus
Que o combate não se dá nos tiros
Que com rojão iluminou

O céu
O mesmo céu que clamamos pelas vidas
O mesmo céu que demos boas-vindas
2021, e como ouvi: "2 mil e evite uns"

O branco vira pó nessas comemorações
O pó se perde no vento e no pensamento
O ano, por si, não nos traz razões
Pra amenizar o sofrimento
É tanta dor, é tanta morte
Não é só falta de sorte
Que nos abandonou ao relento

Não creio que seria diferente
Se eu pedisse: tempo, volte
Não atenderia ao requerimento
A faca contra a gente
Tem afiado o corte
Bem mais fundo, bem mais forte
Mais letal, mais violento

Em nome de Deus e da moral
A bandeira nacional
Verde, amarela e cristã
Estendida no varal
Virou símbolo mundial
Do que há de mais sangrento
Torcida, derrama lágrimas
Que secam junto com o cimento

Nenhum comentário:

Postar um comentário